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Governo federal analisa adoção de reserva de BTC

O Governo Federal brasileiro está considerando a possibilidade de criar uma reserva estratégica de Bitcoin. Essa ideia começou a ganhar força depois de uma declaração de Pedro Guerra, assessor especial da Vice-Presidência, durante a Blockchain Conference Brasil no final de novembro.

Guerra revelou que já teve conversas com exchanges sobre a ideia de uma reserva nacional em BTC. Esse conceito, se implementado, seria inédito no país e traria várias implicações econômicas. Em suas reuniões, ele notou que existe uma necessidade urgente de o Brasil se libertar de posturas rígidas e adotar uma abordagem mais flexível em relação a novas estratégias para o patrimônio financeiro.

Ele expressou seu entusiasmo por essa possibilidade e ainda defendeu que instituições como universidades públicas e fundos estatais poderiam investir diretamente em Bitcoin. Isso porque, segundo Guerra, muitos recursos parados perdem valor com o tempo. “Se o dinheiro fica parado em reais, ele desvaloriza. Ter um ‘pé de meia’ em reais significa perder dinheiro ao longo do tempo”, afirmou. Para ele, alocar uma parte desses fundos em BTC não só protegeria o poder de compra, mas também ampliaria as oportunidades de diversificação.

Reserva de Bitcoin no Brasil

O assunto já está circulando em diferentes esferas do governo e também no Congresso. Em um encontro recente, representantes da Câmara dos Deputados, técnicos do governo e membros da Febraban discutiram cenários potenciais para essa reserva. A federação apresentou dados que mostram que uma exposição moderada a Bitcoin, cerca de 5%, pode reduzir a volatilidade das carteiras e beneficiar as reservas estratégicas.

Apesar do otimismo, Guerra reconheceu que há resistência por parte de alguns setores. Ele explicou que o principal desafio é a visão conceitual sobre essa nova classe de ativos, que se comporta de forma diferente dos títulos tradicionais. Mas destacou que “o monstro já está exposto”, referindo-se ao fato de que muitos países já utilizam o Bitcoin como uma reserva ou ativo estratégico, sendo 32 nações com algum nível de exposição ao BTC, conforme estão mapeados.

Governo ainda precisa entender o que é cripto

Guerra também ressaltou a necessidade de compreender a transformação que o país está enfrentando. A inflação, segundo ele, pressiona o orçamento público e complica o planejamento a longo prazo. Modelos diversificados, visando preservar recursos e minimizar perdas, já são utilizados por empresas privadas e deveriam ser considerados pelo governo.

Ele mencionou que finalmente estão sendo designadas equipes especializadas para discutir o tema em áreas importantes, como a Receita Federal e outros órgãos econômicos. Isso representa um avanço na profundidade do debate e no desenvolvimento de políticas públicas tangíveis. No entanto, Guerra admitiu que ainda existem muitos entendimentos equivocados sobre o setor cripto que precisam ser superados.

Regulamentação

Entretanto, a discussão pela regulamentação do setor enfrenta seus próprios desafios. Guerra comentou que há um equilíbrio delicado entre manter a estabilidade macroeconômica e não inibir a inovação. A ideia é que o Estado proteja a segurança e a transparência, mas sem limitar a liberdade dos usuários.

Renata Mancini, da Ripio, compartilhou uma visão positiva sobre o momento que o Brasil está vivendo em relação à regulamentação. Para ela, o amadurecimento regulatório está se consolidando, e a evolução nas estruturas da Receita e da CVM indica que o país está se encaminhando para uma maior clareza normativa. Esse avanço é crucial para o desenvolvimento sustentável do ecossistema cripto.

Dúvidas e críticas fazem parte desse processo, e Mancini comparou esse movimento regulatório às revisões e testes que são comuns em seu trabalho. Segundo ela, o setor cripto está caminhando para um modelo mais sólido e transparente, o que beneficiará todo o mercado.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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